Exposição no Centro Cultural UFMG transforma pesquisa de doutorado em experiência poética
Por: Assessoria de Imprensa UFMG
O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição individual A esperança alada e os devaneios da imaginação, da artista plástica, pesquisadora e arte-educadora Mariana Laterza. A mostra reúne trabalhos que exploram a gravura em campo expandido, em diálogo com a fotografia, o objeto e o espaço expositivo. O evento acontece no dia 24 de outubro, sexta-feira, às 19h. As obras poderão ser vistas até 2 de novembro. A entrada é gratuita e tem classificação livre.
A exposição apresenta um percurso poético que articula prática artística e reflexão teórica, desenvolvidas ao longo do doutorado na Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, incluindo obras criadas durante o doutorado sanduíche na França. Integrante da defesa de sua tese, a mostra reúne trabalhos que exploram a gravura em campo expandido, em diálogo com a fotografia, o objeto e o espaço expositivo. A artista propõe uma poética da imaginação criadora como fonte de esperança e liberdade, em que portões, gaiolas, pássaros e flores se tornam símbolos de passagem, de voo e de florescimento, convidando o público a devanear e imaginar novos modos de existir.
A esperança alada e os devaneios da imaginação – por Maria do Carmo de Freitas Veneroso, professora da EBA
O trabalho da artista Mariana Laterza, em fotografia e gravura em metal associada à assemblage, utiliza um vocabulário poético de gaiolas, portões, pássaros, flores e grades, criando uma complexa reflexão sobre a liberdade. Sua abordagem é intermidiática, ampliando o campo da gravura ao combinar técnicas tradicionais com a apropriação de objetos (na tradição do ready-made).
As obras exploram símbolos de confinamento e possibilidade. O portão fechado e a grade representam obstáculos físicos e emocionais, limites intransponíveis da existência (como na filosofia existencialista de Sartre) ou instrumentos de controle e exclusão (como em Foucault). O pássaro na gaiola com a porta aberta é o símbolo central: ele aponta para a liberdade de escolha e a possibilidade objetiva de fuga.
A metáfora tripla da gaiola, do portão e do pássaro propõe que a liberdade não é um estado, mas uma tarefa. A condição de ser livre é dada pela porta aberta; contudo, a verdadeira liberdade exige um ato ativo do sujeito para superar os obstáculos externos (portão fechado) e internos (a disciplina internalizada da gaiola).
A chave para essa libertação é a indisciplina. Não se trata apenas de quebrar regras, mas de um ato de “cuidado de si”, de “construir um novo self”. A indisciplina, nesse contexto, é o “vagar” ou “derivar” – o voo sem destino pré-determinado, a reaprendizagem em sentir e perceber o ambiente como um convite, e não como uma ameaça.
Mariana explora essa poética em seu processo criativo, buscando materiais em suas derivas urbanas. Ao levar esses objetos (gaiolas, portões, grades) para a galeria e combiná-los com a gravura, ela rompe fronteiras e contribui para a revitalização da gravura na arte contemporânea. Seu trabalho consolida a visão de que o impulso vital para voar — a liberdade — é a luta constante para transformar a possibilidade em realidade, através da ação e do risco da incerteza.
O pássaro que voa simboliza o sujeito que, ao abandonar a conformidade do cativo seguro, realiza o primeiro passo ativo em direção à liberdade.
Sobre a artista
Mariana Laterza é artista plástica, pesquisadora e arte-educadora. Doutoranda em Artes Visuais pelo Programa de Pós-graduação em Artes-EBA/UFMG, mestra em Artes pela Universidade do Estado de Minas Gerais, ambos com bolsa Capes e graduada em Artes Visuais também pela EBA/UFMG, realizou recentemente um doutorado sanduíche na Paris 1 – Panthéon Sorbonne, na França. Já realizou diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, com destaque para Semer et Faire Fleurir, na França (individual), CaliGrafia VI, na Colômbia (coletiva) e Insignificâncias poéticas (individual), na Galeria do Minas II. Atualmente, pesquisa as interlocuções entre arte, psicologia e filosofia, com foco na criação poética através da gravura e da ressignificação do território urbano por meio da deriva e seus desdobramentos.
Serviço:
Exposição individual: A esperança alada e os devaneios da imaginação
Abertura: 24 de outubro | 19h
Visitação: até 2 de novembro | Terças a sextas, das 9h às 20h | Sábados, domingos e feriados, das 9h às 17h
Grande Galeria do Centro Cultural UFMG (Avenida Santos Dumont, 174 – Centro – Belo Horizonte | MG)
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita
Fonte
Assessoria do Centro Cultural UFMG
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Imagem de Divulgação