Projeto desenvolvido no Laboratório de Instrumentação Óptica Aplicada à Saúde do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG foi um dos vencedores do Prêmio Finep 2025. Iniciativa pioneira, o projeto propõe o desenvolvimento de um oftalmoscópio capaz de identificar, em tempo real e de forma não invasiva, o beta-amiloide retiniano, proteína biomarcadora da doença de Alzheimer, possibilitando diagnóstico precoce.

O trabalho da UFMG foi premiado na categoria Infraestrutura de P&D em ICTs, que selecionou os projetos que visam modernizar e expandir a infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento das Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) no Brasil.

O coordenador do projeto e professor do Departamento de Física do ICEx, Luiz Gustavo Cançado, conta que o trabalho se insere nos planos da UFMG de estruturar um centro temático de instrumentação científica em espectroscopia óptica aplicada à saúde. O Centro vai explorar tecnologias ópticas avançadas, microscopia e nanofabricação, colocando a ciência brasileira na fronteira da inovação em saúde.

“Na ciência mundial ainda não existe um diagnóstico precoce para o Alzheimer, então isso pode ajudar bastante os pacientes e seus familiares, que podem se preparar para a doença. A intenção é que, no futuro, outras técnicas de espectroscopia óptica sejam implementadas no Laboratório”, conta Cançado, que é o atual diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Ciência e inovação se retroalimentam

Luiz Cançado explica que a ciência brasileira é madura e tem um alicerce sólido, porém o país ainda tem dificuldades de inovar. “Estamos entre os países que mais publicam artigos, mas quando pensamos na transferência da tecnologia para a sociedade, que ocorre por meio da inovação, o país não vai tão bem. O prêmio é importante porque coloca a inovação na pauta e mostra que a UFMG está na direção certa”, diz.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida avalia que o Laboratório do ICEx é mais uma evidência da sólida cultura de inovação existente na UFMG. “A Universidade desenvolve, há décadas, um esforço contínuo para criar um ambiente propício para a produção da ciência e para a transferência de tecnologia. A conquista do Prêmio Finep é mais uma prova de que esse esforço tem sido bem-sucedido”, afirma a reitora.

O pró-reitor de Pesquisa, Fernando Reis, acrescenta que o Prêmio Finep de Inovação é um reconhecimento a projetos transformadores, de alto impacto tecnológico e social. “Para a UFMG, ser finalista em três categorias e receber o prêmio na categoria Infraestrutura de Pesquisa e Desenvolvimento em ICTs com um projeto transdisciplinar, que cruza a fronteira entre as ciências exatas e biológicas, é motivo de merecido orgulho e renovada motivação para sempre buscar a excelência”, disse o pró-reitor.

Além do professor Luiz Gustavo Cançado, participam do projeto os professores e pesquisadores Ado Jorio de Vasconcelos, Leandro Malard Moreira, Roberto Magalhães Paniago, Marco Aurelio Romano Silva, Alexandre Simões Barbosa, Omar Paranaíba Vilela Neto, Gilberto Medeiros Ribeiro, Adriano Cesar Machado Pereira, Henrique Resende Martins, Augusto Vieira D’Assunção Freitas (doutorando em Física), João Luiz Elias Campos (pós-doutor em Engenharia Biomédica) e Márcia Dias Diniz Costa (pós-doutora em Inovação Tecnológica).

A UFMG foi finalista em outras duas categorias: Biotecnologia, descarbonização, transição e seguranças energéticas, com o projeto de criação de um núcleo multidisciplinar dedicado à cadeia de produção de materiais para a transição energética, da Escola de Engenharia, e Ambiente de inovação, com o projeto do Centro de Inovação em Sustentabilidade CIS/BH-TEC: tecnologia, inovação e inteligência para impactar os setores estratégicos da economia, desenvolvido no BH-TEC. 

A lista completa dos premiados está disponível no site da Finep.