Dentro da programação especial do aniversário de 20 anos da Rádio UFMG Educativa, a emissora veicula uma série de filmes com audiodescrição, em parceria com a Embaúba, distribuidora especializada em cinema brasileiro sediada em Belo Horizonte. Neste domingo, 14 de setembro, às 14h, a emissora transmite As linhas da minha mão (2023), de João Dumans.

O longa documental aborda encontros imprevisíveis da artista Viviane de Cássia Ferreira, de 50 anos, que fala sobre a sua experiência e vivência com a loucura. O filme reúne músicas, conversas e performances que provocam uma discussão política da arte, assim como estereótipos da loucura no mundo atual.

Ainda em setembro, no dia 25, às 21h, será veiculado o documentário Bem-vindos de novo (2021), de Marcos Yoshi, que resgata a história de uma família com a ajuda de materiais caseiros. Na virada do milênio, Yayoko e Roberto Yoshisaki foram para o Japão em busca de melhores condições de vida, deixando seus três filhos no Brasil, sob o cuidado dos avós. Treze anos depois, o casal retorna para o país, e o reencontro provoca em toda a família um complexo processo de reconstrução afetiva.

A veiculação de filmes com audiodescrição começou no dia 6 de setembro, data do aniversário da Rádio UFMG Educativa, com A filha do palhaço (2022), de Pedro Diógenes. O filme Marte um (2022), de Gabriel Martins, que representou o Brasil no Oscar de 2023, também está programado para ir ao ar ainda em 2025 na emissora.

Democratização

A responsável pelas descrições sonoras na Rádio é a jornalista Claudia Guarnieri.  Formada na Universidade Paulista (Unip), com especialização em audiodescrição pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), ela trabalha há quase dez anos com acessibilidade comunicacional, atuando como roteirista, revisora e narradora. Também já atuou em outras transmissões da Rádio UFMG Educativa, durante a cobertura de eventos culturais no Instituto Inhotim.

“O rádio é uma ferramenta comunicacional acessível, popular e simples. Basta sintonizar em uma frequência para ter acesso a notícias, entretenimento, arte e cultura. Dessa forma, incluir filmes no rádio, ou qualquer outra mídia que tenha informação visual imprescindível para a compreensão do conteúdo, permite que a acessibilidade chegue a um maior número de pessoas com e sem deficiência visual, popularizando e democratizando a audiodescrição”, afirma Guarnieri.

A audiodescritora lembra que a acessibilidade em apresentações culturais e artísticas é garantida pela Lei nº 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI). “Além das pessoas terem fácil acesso ao conteúdo transmitido e se sentirem incluídas, mais pessoas com deficiência visual conhecerão a audiodescrição e poderão pressionar os espaços culturais e artísticos a disponibilizarem a acessibilidade”, diz.

“Acesso à cultura e à arte”

Durante participação no programa Expresso 104,5, o diretor Daniel Queiroz, da Embaúba Filmes, parceira da Rádio na iniciativa, valorizou a ideia de “tocar filme no veículo sonoro rádio”, como forma de “dar acesso à cultura e à arte”. Ele lembra que boa parte dos filmes hoje é produzida atendendo às medidas de acessibilidade obrigatórias para produções financiadas pela Agência Nacional do Cinema (Ancine): audiodescrição, legenda descritiva e Libras. “São recursos utilizados em salas de exibição em cinemas ou em aplicativos específicos de acessibilidade. O problema é que as salas ainda não estão equipadas adequadamente, gerando um desconforto à pessoa com deficiência”, disse.

A Rádio UFMG Educativa (104,5 FM na Região Metropolitana de Belo Horizonte) é uma mídia do Centro de Comunicação (Cedecom) da UFMG, em parceria com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A programação da emissora também pode ser ouvida em tempo real pelo site ufmg.br/radio.