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Pesquisa e Inovação

Estudo da UFMG comprova que uso da telemedicina reduz as internações por insuficiência cardíaca

Por: Assessoria de Imprensa UFMG

Estudo inovador publicado recentemente por pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG, sob a coordenação da professora Deborah Carvalho Malta, comprova que intervenções de telemedicina (TMI) podem reduzir as reinternações de pacientes por insuficiência cardíaca (IC) em hospitais públicos de Belo Horizonte, ampliar o acesso ao cuidado e fortalecer a educação do paciente. Essa abordagem pode ser uma estratégia fundamental para o Brasil, onde a insuficiência cardíaca é a principal causa de internações por doenças cardiovasculares.

O estudo, fruto da tese de doutorado do pesquisador Edmar Geraldo Ribeiro, no Programa de Pós-graduação em Enfermagem, foi realizado por meio de um ensaio clínico randomizado com 127 pacientes de seis hospitais públicos da capital mineira. Ele explica que a insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica complexa, em que o paciente apresenta sintomas e sinais de congestão pulmonar e/ou baixo débito cardíaco em repouso e/ou esforços. “A IC é uma doença grave que afeta mais de 64 milhões de pessoas no mundo, sendo a manifestação final e a principal causa de internação hospitalar por doenças cardiovasculares (DCV). Estratégias que contribuem para melhorar o autocuidado do paciente com IC, identificar alterações precoces que poderiam levar à descompensação clínica e otimizar mais rapidamente o tratamento recomendado pelas diretrizes têm o potencial de reduzir internação hospitalar e a mortalidade da doença”.

De acordo Edmar Ribeiro, foram incluídos os pacientes com diagnóstico de IC, randomizados para o tratamento usual – grupo controle ou para uma intervenção multicomponente de TMI – grupo intervenção (Intervenções de Monitoramento Terapêutico, que constitui-se em suporte telefônico estruturado semanal, liderado por enfermeiros, para monitorar peso, pressão arterial, frequência cardíaca, sinais de descompensação e adesão ao tratamento, promovendo a educação sobre autocuidado, incluindo ajustes na dosagem de diuréticos).

Os resultados obtidos revelam um impacto positivo da telemedicina na redução das reinternações. Em 180 dias, 26% do grupo TMI/intervenção tiveram readmissões hospitalares relacionadas à insuficiência cardíaca contra 46% no grupo de cuidado usual/controle do Sistema Único de Saúde (SUS). A mortalidade por todas as causas ou readmissões ocorreu em 30% do grupo TMI/intervenção contra 47% no grupo de cuidado usual/controle, evidenciando uma melhoria significativa no controle da Insuficiência Cardíaca e na qualidade de vida dos pacientes. “A telemedicina reduziu as readmissões hospitalares relacionadas à IC em comparação com o cuidado usual em pacientes hospitalizados devido a essa condição. Nossos achados destacam a importância das estratégias de saúde digital para o manejo e a melhoria dos desfechos clínicos dessa população de alto risco”, enfatiza Edmar.

Entre os mecanismos responsáveis por essa redução, destacam-se ajustes adequados na dosagem de diuréticos, monitoramento remoto com sinais de alarme em alterações do estado clínico do paciente e o aumento das informações recebidas pelos pacientes sobre a doença e os cuidados necessários.

“Nosso estudo sugere que, mesmo para populações mais vulneráveis, o TMI é uma estratégia eficaz para melhorar o tratamento de IC durante a transição do hospital para casa.

Telemedicina

A telemedicina é uma atividade nova no Brasil, praticada, principalmente, em grandes centros e instituições de referência. Com o passar do tempo, a telemedicina brasileira apresentou uma evolução significativa com formação de equipes e núcleos de pesquisa em muitas instituições universitárias. “Além disso, a telemedicina é uma das possibilidades no fornecimento de assistência médica a pacientes que estão geograficamente afastados, todavia suas vantagens não são de exclusividade médica, mas fazem referência a uma categoria multiprofissional. É vista como uma ferramenta importante para o enfrentamento de desafios contemporâneos dos sistemas de saúde, principalmente na realidade da mudança do perfil epidemiológico, com particular prevalência das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)” esclarece Edmar Ribeiro.

O pesquisador enfatiza que a telemedicina avança em vários domínios, dentre eles, a cardiologia tem sido a especialização que dispõe de fácil acesso e sensibilidade na utilização de TIC, melhorando a probabilidade da coordenação do cuidado e atenção compartilhada. Dessa maneira, o uso da telemedicina em cardiologia pode representar o diferencial capaz de influenciar na melhoria da qualidade de atendimentos a doenças cardiovasculares, principalmente na IC, por meio do telemonitoramento.

Fonte

Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem da UFMG

comunicacao@enf.ufmg.br

https://www.enf.ufmg.br/