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Pesquisa e Inovação

Projeto Redes de Cuidado na Terra Indígena Yanomami da UFMG lança Guia de Atenção ao Pré-Natal

Por: Assessoria de Imprensa UFMG

O Projeto Redes de Cuidado na Terra Indígena Yanomami, coordenado pela professora Érica Dumont Pena, lançou o Temi Totihi – Guia de Atenção ao Pré-Natal na Terra Indígena Yanomami. Trata-se de um guia de pré-natal, intercultural, que tem como objetivo amparar profissionais da saúde para um cuidado sensível e adequado, que respeita as concepções Yanomami e Ye’kwana de corpo, saúde e doença. O lançamento fez parte da Oficina de Apresentações das Ações na Terra Indígena Yanomami, organizada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A cerimônia ocorreu na Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista, no dia 8 de julho, e contou com a presença de Lúcia Alberta, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Marcos Kaingang, secretário nacional de Direitos Territoriais Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, Joênia Wapichana, presidente da Funai, Lucinha Tremembé, secretária adjunta da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), Júlia Garrafa, representante do Ministério da Saúde, professor José Geraldo Ticianeli, reitor da UFRR, Carla Yanomami, representante das Associações Yanomami, Enio Mayanawa Yanomami, representante da Hutukara Associações Yanomami e Ana Gomes, representante do Programa em Direitos Humanos, Educação e Saúde na Terra Indígena Yanomami da UFMG.

O documento é o primeiro protocolo intercultural do Brasil normatizado pela Sesai. A professora Érica Dumont explica a importância dessa conquista para o contexto cultural Yanomami e Ye’kwana. “Esse guia é, até onde sabemos, o primeiro documento oficial no Brasil que normatiza o trabalho dos profissionais da saúde indígena com base explícita na interculturalidade e no que chamamos de cuidado sensível e adequado. Existem, sim, documentos que mencionam a importância da interculturalidade ou que recomendam sua adoção e documentos inspiradores, que não estão regulamentados na saúde pública como o livro Saúde Yanomami. Um manual etnolinguístico do Bruce e Gale. Não falamos disso por pioneirismo mas sobretudo para nos alertar para uma lacuna histórica que faz com que o trabalho na saúde indígena seja um desafio enorme. A interculturalidade não está dada, ela precisa ser construída, negociada, refletida e nós vimos o quão desafiador foi nessa construção”.

Construído de forma coletiva, o guia articula conhecimentos indígenas e práticas de saúde baseadas em evidência, fornecendo diretrizes de cuidado pré-natal que respeitam a cultura, os saberes tradicionais e os modos de vida das mulheres Yanomami e Ye’kwana. “Ao mesmo tempo em que o processo coletivo de construção desse guia foi desafiador, se mostrou também muito instigante, indicando caminhos inovadores e possibilidades de cocriação de conhecimentos sensíveis e adequados à diversidade das práticas de cuidado na gestação, parto e nascimento. O uso de imagens como narrativas sobre modos de viver e cuidar na TIY, a partir da inclusão dos desenhos de Ehuana Yanomami no guia, é um dos caminhos possíveis para a complementaridade dos conhecimentos. As imagens são formas de expressão do pensamento indígena e evocam um cuidado que se faz numa rede de relações mais ampliada entre pessoas e seres que compõem a vida na floresta”, enfatiza a cocoordenadora do guia, Maria Christina Barra.

A publicação está disponível para download de forma gratuita.

Para acompanhar o lançamento, o projeto elaborou ainda vídeos educativos, destinados aos profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Ye’kwana (DSEI-YY) e às Casas de Saúde Indígena (CASAIs), que foram disponibilizados no YouTube.

Fonte

Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem da UFMG

comunicacao@enf.ufmg.br

https://www.enf.ufmg.br/

Imagem de Divulgação

Discurso da professora Érica Dumont na mesa de abertura do evento Foto: