No aniversário da UFMG, ‘Domingo no campus’ teve bolo, parabéns e 37 oficinas
Evento também celebrou os 10 anos do evento; primeira edição ocorreu em maio de 2015
Por Luana Macieira e Enzo Beber
A 26ª edição do Domingo no campus, realizada ontem, 7 de setembro, deu início às comemorações dos 98 anos de fundação da UFMG. Esta foi a décima edição do evento, que ocorreu pela primeira vez em 2015. Ontem, o campus Pampulha recebeu cerca de 1,5 mil pessoas em atividades gratuitas de lazer, arte e cultura.
O público que esteve no campus Pampulha participou de 37 atividades, entre oficinas, jogos, brincadeiras, piquenique musical, forró, tenda da saúde, yoga, feira de adoção de cães e gatos, feira agroecológica, ciclismo e até ninjutsu. O pró-reitor de Extensão, Glaucinei Corrêa, ressaltou que o Domingo no campus é um sucesso porque é feito em conjunto por várias pró-reitorias e diretorias da Universidade. Para ele, o êxito do evento também se deve ao fato de que grande parte das oficinas e atrações oferecidas já integra as ações de extensão da Universidade.
“No Domingo no campus, a sociedade consegue ver o que a Universidade faz em seu dia a dia, ou seja, ela tem contato com atividades de extensão ofertadas pela UFMG. É muito importante abrir as nossas portas para que as pessoas vivam o campus e aprendam sobre diversos temas, como saúde e sustentabilidade. Por isso eu desejo, nesse aniversário de 98 anos, que a UFMG continue crescendo e sendo essa instituição de excelência para a sociedade”, disse.
Após a apresentação do Coral Cantáridas, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), a reitora Sandra Regina Goulart Almeida emocionou-se ao convidar o público para cantar parabéns e cortar o bolo de aniversário. “Somos uma das universidades mais antigas do país, então estarmos aqui hoje é motivo de muita celebração. Tenho muita satisfação de ter estado presente em tantos aniversários da UFMG. É uma honra comemorar esse aniversário, pois me sinto muito realizada como professora que sou e como reitora que estou nesta instituição”, pontuou.
Sandra acrescentou que a celebração lembra a relevância e o impacto que a UFMG tem para Minas Gerais e para o Brasil. “A universidade é de todos, ela é do povo brasileiro, por isso é importante trazer todo mundo para celebrar aqui conosco. A educação pública superior de qualidade é um direito de todos e um dever do Estado, algo que nunca devemos esquecer.”
Universidade laica e para todas as crenças
Uma das oficinas estreantes no Domingo no campus foi a Saberes ancestrais e encantarias caboclas, ministrada por Doté Márcio de Azansu, da Casa São Lázaro. Márcio explicou que a oficina propôs uma imersão sensível e coletiva nos saberes de matriz indígena e afro-brasileira cultivados na Casa São Lázaro, terreiro de tradição Jeje Mahí, localizado na zona norte de Belo Horizonte.
A atividade convidou o público a vivenciar e refletir sobre expressões ritualísticas, modos de cura e formas de resistência que atravessam a presença dos encantados caboclos na espiritualidade brasileira. Em entrevista concedida à Rádio UFMG Educativa, ele explicou que a oficina buscou valorizar os conhecimentos tradicionais como forma de fortalecimento cultural, respeito à diversidade religiosa e promoção do bem viver.
“Os caboclos são descendentes dos indígenas, espíritos que retornam para espalhar todos os tipos de bênçãos de paz e de harmonia. Eles são os grandes ancestrais das terras brasileiras. Assim, nossa oficina mostra a pluralidade e a diversidade, exemplificando que a Universidade é laica e deve estar aberta aos estudos e conhecimentos de todas as religiões”, disse.
O campus também é das crianças
Com diversas atividades para a criançada, o campus Pampulha também foi invadido por papais e mamães, que trouxeram seus pequenos para brincar pelos gramados em frente à Reitoria. Milene, doutoranda em Administração na Faculdade de Ciências Econômicas (Face), veio acompanhada do marido, Vinícius, e dos filhos Caio, de 3 anos, e Enzo, de 7. “A Universidade promove muitas coisas para a comunidade em geral, e a gente sempre tenta participar”, contou, enquanto esperava alguns coleguinhas da classe dos seus filhos para participarem de mais atividades.
O Grupo Bambulha também se apresentou para as crianças no gramado da Escola de Música da UFMG. Trata-se de um projeto de extensão que oferece aos alunos da Licenciatura em Música a prática da performance – eles fazem música com e para as crianças. O grupo é formado pela professora Angelita Broock, do Departamento de Teoria Geral da Música, e pelos estudantes Ana Cecilia Santos, Gabriel Formagio, Gustavo Brito, Silene Leão e Vinicius Carlos.
Henrique Souza levou seu filho Guilherme, de 2 anos, para o show do grupo. Guilherme já é aluno de Silene Leão em um projeto de Musicalização Infantil da Universidade. Henrique contou que a aproximação de seu filho com a música foi essencial para que ele perdesse a timidez e fizesse novos amigos. “A música fez muito bem ao meu filho, e estar aqui neste domingo é algo maravilhoso. A gente se diverte, aprende e consegue afastar as crianças das telas, trazendo elas para mais perto da natureza e para a socialização.”
Em meio à correria da criançada, a oficina Iniciação esportiva com jogos populares uniu brincadeiras tradicionais, como rouba-bandeira, mãe da rua e pega-pega, e várias bolas, de forma a “fazer uma ponte entre a brincadeira e os esportes”, destacou Sarah Teles, professora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) e coordenadora da oficina. Com atividades que exploram a introdução aos esportes, a ação utilizou o modelo de ensino desenvolvido no laboratório do Centro de Estudos de Cognição e Ação (Ceca). “É um projeto de iniciação esportiva geral, e as crianças sempre amam”, destacou a mãe de Serena, de 2 anos, e de Miguel, que ainda não completou um ano de idade. Os dois se divertiram bastante.
Reencontros e experiências
Espaço também propício para reencontros da época de graduandas, o evento reuniu as colegas de turma Maria Flávia e Maryne, egressas do curso de Biblioteconomia da UFMG. Na companhia de seus maridos, as ex-alunas trouxeram as filhas Maria Clarice e Valentina para se divertir no campus. “Na outra vez que viemos, gostamos muito das bolhas, aquelas bolhas gigantes. A minha irmã adorava. A gente nunca tinha visto, e daí a gente viu primeiro aqui. Era muito legal”, contou Maria sobre a edição em que veio acompanhada de sua irmã mais nova, de 12 anos.
Vários entusiastas do artesanato também exploraram a criatividade na Oficina de bordado. Frequentadora recorrente do Domingo no campus, Mariane decidiu participar mais ativamente do evento. “Abriram a inscrição, e eu gosto de bordar, então pensei: por que não? Eu já venho sempre, então decidi, desta vez, fazer alguma coisinha”, contou a estudante do sexto período de Psicologia da UFMG. Em contato com o bordado desde pequena, Mariane teve, no evento, sua primeira experiência como professora. “Pude não apenas praticar, mas também ensinar aos outros sobre esse tipo de arte. E o legal é isso”, completou.
Saúde em foco
Montada em um lugar privilegiado, em frente ao Monumento ao Aleijadinho, no gramado da Reitoria, a tenda da saúde englobou alunos dos cursos de graduação em medicina, odontologia, enfermagem, farmácia e nutrição, com um propósito interdisciplinar e multiprofissional, convidando alunos de diversos cursos para conversar e promover bons hábitos entre as pessoas que visitavam o campus.
“A gente orienta. Aqui o aluno, dentro do conhecimento que tem, vai orientar as pessoas sobre a hipertensão arterial, a diabetes, a saúde do homem etc. São várias as temáticas que trabalhamos no Domingo no campus, todas relacionadas à promoção da saúde”, explicou Solange Godoy, professora da Escola de Enfermagem e coordenadora da tenda.
Ryan Oliveira, aluno de enfermagem da UFMG, participou pela primeira vez do evento. Na tenda de saúde, ele explicava sobre o aumento dos casos da doença de Chagas em decorrência da má higienização do açaí durante o processamento do alimento, o que pode provocar contaminação pelo Trypanosoma cruzi, agente causador da doença.
“Por ser uma doença silenciosa, muitas pessoas chegam ao ambulatório já na fase crônica, com aumento do coração, o que leva à insuficiência cardíaca, ou do intestino, o que atrapalha a deglutição e causa constipação. Nesse caso, não há mais tratamento para a doença. Então a gente não fala para deixar de comer açaí, mas para evitar comprá-lo em lugares com procedência duvidosa”, explicou Ryan, enquanto alertava as pessoas sobre a importância dos cuidados em relação ao alimento.
10ª edição
O primeiro Domingo no campus ocorreu em maio de 2015. De lá para cá, o evento manteve o seu propósito de incentivar a convivência e o uso dos espaços da UFMG por toda a sociedade. As atividades são propostas e realizadas por professores, servidores técnico-administrativos e estudantes.
O evento é organizado e promovido pela Pró-reitoria de Extensão (Proex), em parceria com as pró-reitorias de Administração (PRA), de Assuntos Estudantis (Prae), de Recursos Humanos (PRORH) e de Cultura (Procult), e ainda com a Coordenadoria de Assuntos Comunitários (CAC), o Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI), o Centro de Comunicação (Cedecom) e Fundep, a Fundação de Apoio da UFMG.
A TV UFMG também acompanhou as atividades do ‘Domingo no campus’. Assista à reportagem:
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