Crise no Peru: professor da Unila analisa situação no país após estado de emergência em Lima
Nesta quinta-feira, 23 de outubro de 2025, o programa Conexões repercutiu, em entrevista, a crise política no Peru. O professor e diretor do Instituto Latino-americano de Economia, Sociedade e Política da Universidade Federal da Integração Latino-americana (Unila), Fábio Borges, analisou a recente declaração do estado de emergência na capital do país, durante entrevista conduzida pela jornalista Luíza Glória.
Na última terça-feira, 21, o presidente interino do Peru, José Jerí, declarou estado de emergência em Lima e na cidade de Callao, vizinha à capital. A ação tem o objetivo de conter a onda de violência e extorsões atribuídas ao crime organizado na capital do país.
Sob estado de emergência, a Polícia Nacional do Peru agora assume o controle da ordem interna, com o apoio das Forças Armadas. Com isso, serão feitas operações intensivas em áreas consideradas críticas. Entre as medidas implementadas, estão a instalação de comandos temporários, operações de fiscalização de documentos de pessoas e veículos, confisco de armas e munições, e o controle migratório de estrangeiros. De acordo com o presidente José Jerí, durante a declaração, “guerras são vencidas com ações, não com palavras”. Ainda em suas palavras, o “país está passando da defensiva para a ofensiva na luta contra a criminalidade, uma luta que vai permitir recuperar a paz, a tranquilidade e a confiança de milhões de peruanos”.
O Peru sofre uma onda de protestos. Na quarta-feira passada, em várias regiões da capital, houve confrontos entre manifestantes e policiais, além do fechamento de estradas por conta da mobilização e a suspensão temporária de rotas de transporte. Os manifestantes carregavam bandeiras e cartazes rejeitando o Congresso Nacional e o presidente José Jeri, que assumiu o cargo, interinamente, há menos de duas semanas, após o impeachment da presidente Dina Boluarte. Desde 2016, o Peru já teve sete presidentes que sofreram impeachment, renunciaram ou governaram de forma interina.